Um CCE forte e vibrante em defesa da educação pública e do futuro do país
Muita diferença faz
entre lutar com as mãos
e abandoná-las para trás,
porque ao menos esse mar
não pode adiantar-se mais.
(João Cabral de Mello Neto)
No próximo mês, em votação eletrônica, a comunidade acadêmica do Centro de Comunicação e Expressão (CCE/UFSC) está convidada a decidir os rumos da Unidade, escolhendo seus novos gestores. Apresentamos aqui a chapa Atitude e Expressão: CCE em Movimento, que concorre à direção do Centro. Ela é composta pelo professor Fábio Lopes da Silva (Departamento de Língua e Literatura Vernáculas – DLLV), candidato a Diretor, e pela professora Marianne Stumpf (Departamento de Libras – LSB), candidata a Vice-Diretora. Mais que pedir seu voto, colega docente, técnico ou técnica-administrativo/a e estudante de graduação e pós-graduação, nossa intenção é abrir um diálogo e apresentar neste breve manifesto uma síntese de nossas ideias e propostas.
Esta é uma chapa de oposição – não a pessoas mas a uma forma de gestão que tem revelado flagrantes limites. Especialmente em função do REUNI, o CCE se expandiu. Novos cursos foram criados; professores e TAEs foram contratados; mais alunos se integraram ao Centro e o revitalizaram. Contudo, essa imensa força pedagógica, intelectual e científica não tem encontrado na sua Direção a capacidade de ação política e administrativa necessária para o tamanho dos desafios que se apresentam. Com o apoio e votos de vocês, vamos recolocar o CCE no patamar a que fazemos jus.
O cenário é difícil, a começar pelo fato de que as políticas do atual governo federal esgarçam continuamente as instituições públicas. As universidades estão ameaçadas pela escassez de recursos orçamentários, de verbas de pesquisa e de bolsas de pós-graduação e graduação. No plano ideológico, o ataque não é menos feroz: por um lado, a instituição é injusta e absurdamente acusada de trabalhar pouco; por outro, o negacionismo científico e o desapreço pelas atividades intelectuais campeiam. Dia após dia, vamos sendo cerceados na maior e mais importante prerrogativa da vida acadêmica: a liberdade de cátedra e de expressão.
A tudo isso se somam dados preocupantes quanto à saúde laboral: um em cada três docentes já foi diagnosticado com stress e excesso de jornada; quatro em cada cinco professores/as trabalham mais do que as 40h semanais. Trata-se de sinais de um problema que precisa fazer parte da agenda política da direção do CCE, do Conselho Universitário e da Reitoria da UFSC.
De resto, de maneira crua e inconteste, a pandemia vem expondo as desigualdades sociais do país, em todos os níveis. A UFSC, como instituição integrada à sociedade, é parte desse processo. Desde o início da propagação da doença, nossa universidade tem colaborado com soluções sanitárias e científicas, o que inclui iniciativas de profissionais do CCE. Jamais paramos o nosso trabalho, e aulas remotas estão sendo oferecidas na graduação e na pós-graduação. Contudo, precisamos nos preparar para o período pós-pandêmico, no qual seguramente o corte orçamentário será a tônica do atual governo.
Julgamos relevante e necessário adequar o perfil da nova Direção ao momento que se anuncia, congregando as forças vivas do CCE. Fábio Lopes da Silva (DLLV) e Marianne Stumpf (LBS) têm atrás de si consistentes trajetórias profissionais e já demonstraram capacidade de gestão em diferentes espaços da UFSC. Ambos são docentes e pesquisadores de referência em suas respectivas áreas de atuação.
No Brasil e na UFSC hoje, há muitas razões para a tristeza, a contenção e a preocupação. Mas a universidade pública – e, dentro dela, o nosso CCE – continua a ser um espaço estupendo de ensino pesquisa e extensão: dispomos de um quadro técnico-administrativo qualificado, renovado e competente; dispomos de intelectuais e cientistas de primeira linha; dispomos de uma densa rede de contatos nacionais e internacionais; e, claro, dispomos da rara possibilidade de conviver continuamente com uma juventude bela, vibrante, exuberante e sedenta de conhecimento. Sobretudo graças ao esforço individual ou de pequenos grupos de docentes, técnicos e técnicas-administrativas e estudantes, o Centro já contabiliza conquistas impressionantes. Imaginem se toda essa energia pudesse ser muito mais bem promovida, integrada, divulgada, financiada, motivada? Tudo isso é perfeitamente possível. A escolha é sua. Nossa.
Princípios Gerais da CHAPA
Reconhecer o papel institucional da Direção, respeitando a pluralidade de visões e interesses.
Reconhecer as funções gerenciais e burocráticas importantes, agindo com competência, transparência, dedicação, paciência e zelo.
Motivar e envolver as pessoas, transformando suas ideias em projetos, articulando as vontades e necessidades individuais em interesses comuns.
Promover e divulgar publicamente as ações desenvolvidas e buscar junto à reitoria e às instâncias de financiamento o reconhecimento e as contrapartidas materiais e financeiras à altura da qualidade do trabalho realizado no CCE.
Nossas Propostas
Graduação, Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão
Desenvolver políticas de melhoria do ensino de graduação, com aproximação à pós-graduação
Incentivar a criação de programas de pós-graduação nas áreas de Libras, Artes, Cinema
Instituir as Câmaras de Pesquisa e de Extensão
Melhorar a infraestrutura geral e dos núcleos de pesquisa, em particular
Propor a criação um Instituto de Estudos Avançados e/ou de Altos Estudos, com perfil transdisciplinar
Propor a criação de um Centro de Pesquisa Multilíngue e de um Centro de Pesquisas em Literatura e Cultura Latino-Americana
Administrativo
Simplificar os procedimentos burocráticos
Disponibilizar as gravações das reuniões do Conselho de Unidade, com interpretação para Libras
Melhorar os critérios de uso e distribuição dos recursos financeiros, por meio de um comitê gestor dos recursos do CCE.
Criar um Programa de internacionalização do CCE, com incentivo à recepção de alunos estrangeiros (de graduação e de pós, programas de dupla titulação etc), aulas em outras línguas, criação de rotinas e protocolos de integração dos estrangeiros (docentes e discentes)
Desenvolver políticas públicas de acessibilidade e inclusão
Promover audiências públicas com a Direção para prestarem contas à comunidade, ouvindo sugestões, críticas e reclamações de discentes, docentes e TAs
Buscar de alternativas e otimizar o uso do espaço físico, promovendo o uso coletivo e criando uma comissão permanente de gestão.
Ampliar e melhorar das condições de trabalho, a exemplo do estacionamento, limpeza etc.
Consolidar os cursos de Libras, Artes e Cinema e os departamentos de Libras e de Artes.
TAEs
Estabelecer uma política de valorização dos perfis, competências e responsabilidades dos servidores técnico-administrativos no processo de gestão do Centro
Apoiar a permanência da coordenadoria de intérpretes no CCE
Buscar reconhecer e incluir no organograma do CCE a função da “coordenador” de intérpretes
Cultura e Artes
Criar um Núcleo de Publicações
Revitalizar o “Redondo”, Bloco D, para Artes Cênicas
Revitalizar a revista eletrônica discente de cultura e arte
Criar clubes de leitura abertos à comunidade
Incentivar as manifestações artísticas: música, dança, teatro, literatura, cinema
Apoiar a criação do Centro de Artes
Criar um programa de cursos livres abertos à comunidade
Instituir e dar vida à figura do Escritor, Jornalista, Tradutor e Artista Residente (diretor de cinema, diretor de teatro, designer); assessor textual (revisão de português)
Político
Desenvolver políticas públicas de implementação de EaD
Desenvolver políticas públicas de acessibilidade e inclusão
Buscar a flexibilização do uso do espaço físico do CCE para docentes enquanto durar a pandemia de modo a assegurar a qualidade dos trabalhos de ensino, pesquisa e extensão e o bem-estar dos docentes
Ampliar o diálogo com os estudantes, respeitando o livre direito à manifestação política, artística e cultural em suas diferentes formas de organização